Breve nota histórica: Diversos indicativos históricos remetem que a criação da função do ombudsman/ouvidor em diferentes períodos e contextos sociais. Em 1713, o rei Carlos XII da Suécia instituiu o Supremo Representante do Povo, com a figura do ombudsman após derrota na guerra contra a Rússia em 1807, quando perdeu metade do seu território, a atual Finlândia. A Suécia criou a Ouvidoria com a promulgação da Constituição de 1809, vinte anos após a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão. A figura do Ouvidor faz parte da História do Brasil desde os tempos do Vice-Reinado, quando aos bispos cabia o papel de interlocutores do povo junto ao trono, o que se encontra na origem da expressão: “Vá reclamar com o bispo” e até hoje empregada no folclore popular. De acordo com documentos históricos, desde a instalação no Brasil da divisão territorial em capitanias hereditárias, ouvidores eram indicados pelo Rei de Portugal para exercer as suas atribuições juntamente com os Governadores Gerais. Os ouvidores possuíam o poder de lavrar e promulgar leis, estabelecer Câmaras de Vereadores e atuar como Comissários de Justiça. Em 1549, ao desembarcar na Bahia, Tomé de Souza nomeou o primeiro Ouvidor-Geral do Brasil, Pero Borges, que viera em sua comitiva de Portugal. Sua função era representar a administração da justiça real portuguesa, atuando como juiz em nome do rei (OUVIDORIA.FAZENDA, 2010). Até 2003, dos 191 países reconhecidos pela ONU, 120 tinham ombudsman, conforme a International Ombudsman Institute.
O cargo de Ouvidor/Ombudsman ganhou força no Brasil a partir da década de 50 passando a exercer atividades de ouvidoria como os que conhecemos hoje, entretanto, a Ouvidoria Universitária que caracteriza uma vertente específica de atuação, são recente. A primeira Ouvidoria Universitária instalada no Brasil foi em 1992 na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). No cenário mundial, as primeiras ouvidorias universitárias surgiram no Canadá, em 1965, na Universidad Simón Froser, mas somente em 1985 tivemos a criação, na América do Sul, de sua primeira Ouvidoria Universitária: a da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Na sequência, foram criadas Ouvidorias em várias universidades com inspiração e características bastante diversificadas em termos de interferências socioculturais. O Fórum Nacional de Ouvidores Universitários FNOU criado em 1999, constitui um espaço para reflexões sobre o papel da Ouvidoria enquanto espaço de interlocução e representatividade dos estudantes com a instituição de ensino. Promove discussões a cerca da melhoria na prestação de serviços na área da educação, pesquisa e extensão, fomentando o necessário aprimoramento da convivência democrática na promoção da ética acadêmica e da cidadania. A Ouvidoria Geral da União Social Camiliana sediou em Setembro de 2007 o VIII Encontro do FNOU, e o XV Congresso Brasileiro de Ouvidores/Ombudsman da ABO em Novembro de 2012. A criação da Associação Brasileira de Ouvidores – ABO, em 1995, em São Paulo, foi um marco importante para o reconhecimento que o instituto da ouvidoria conquistou. É prioritário seu compromisso com o fortalecimento da entidade, sua transparência nas gestões, a defesa de uma legislação que legitime o papel do ouvidor nas instituições públicas e privadas.