Cerca de 600 educadores de 64 instituições de ensino participaram do encontro
Dando continuidade às reflexões do evento realizado em novembro de 2011 sobre a Campanha da Fraternidade 2012, com tema central Fraternidade e Saúde, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) promoveu, em parceria com o Centro Universitário São Camilo-SP, no dia 11 de fevereiro, as Oficinas sobre a CF 2012, que apresenta o lema Que a saúde se difunda sobre a Terra. Cerca de 600 educadores de 64 instituições de ensino participaram do encontro, que aconteceu no Grande Auditório do Campus Ipiranga, em SP.
Pe. Alberto Marques de Sousa, Coordenador da Pastoral Universitária Camiliana (PUCA), iniciou o evento com o momento de espiritualidade. A solenidade de abertura contou com a presença do Pe. Roberto Duarte Rosalino, Coordenador da ANEC São Paulo e Diretor Superintendente das Faculdades Integradas Claretianas; Prof. Dr. Pe. Léo Pessini, Presidente e Provincial das Organizações Camilianas Brasileiras; Prof. Antonio Boeing, das Faculdades Integradas Claretianas e os docentes camilianos Prof. Claudenir Módolo, Coordenador do Curso de Filosofia e a Profa. Dra. Luci Fernandes, Coordenadora do Curso de Pedagogia.
Pe. Léo ressaltou a importância da atuação da ANEC para educação no país, principalmente pelo trabalho realizado nas escolas com os temas acerca das Campanhas da Fraternidade. Aproveitou a oportunidade para falar sobre os trabalhos desenvolvidos pelas Organizações Camilianas Brasileiras, referentes ao tema da CF 2012, em que os camilianos colaboraram para elaboração do texto base. “Juntos precisamos refletir e sensibilizar sobre algo que é vital: a saúde do nosso povo. A saúde pública no nosso país é emergência inadiável e deve ser prioridade e compromisso de todos”, afirmou o Provincial.
Pe. Roberto relembrou que Jesus quer que todos compreendam que Ele deseja a vida em plenitude. Então, como educadores, é preciso atuar nas escolas com esse olhar para que possam realizar um novo modo de educação com fraternidade. “Educador católico não significa uma pessoa que só passa conteúdos, mas deve passar a vida em plenitude. Portanto é preciso ter a vida dentro de nós para conseguirmos passar essa missão no coração do aluno”, relatou Rosalino, enfatizando que ANEC ajuda a entender a verdadeira missão do educador e a identidade católica.
Norteado pelo tema da CF 2012, o médico, Dr. André Luiz de Oliveira, representante da CNBB no Conselho Nacional de Saúde e ex-coordenador nacional da Pastoral da Saúde, ministrou a palestra Realidade, clamores e possibilidades no campo da saúde brasileira, apresentando um breve histórico da saúde no país e a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). “A saúde é um direito de todos e é a principal pauta indicatória. O SUS é patrimônio do povo e devemos ampliar o debate para melhoria do sistema”, afirmou André, ressaltando a importância de trabalhar os três focos que estão no objetivo geral da CF 2012 : refletir sobre a realidade da saúde no Brasil, em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhorias no sistema público de saúde.
Dr. André destacou os quatro avanços do SUS: setor de imunização – é o país que mais vacina no mundo; assistência farmacêutica no programa DST/Aids; transplantes de órgãos – é o 2º país no mundo em transplantes e tem a maior rede pública de transplante; e redução da mortalidade infantil.
Para ressaltar a importância de discutir e promover ações em prol da saúde pública no país, Dr. André apresentou dados que mostram a expectativa de vida do brasileiro e os números da saúde no Brasil. Dos 193 milhões de brasileiros, cerca de 145 milhões dependem do setor público de saúde, o que corresponde a mais de 75% da população brasileira. O setor de saúde suplementar atende mais de 47 milhões de usuários, o que corresponde a cerca de 24,5%. “O setor da saúde responde por 8% do PIB, nos EUA é de 17% e movimenta R$160 bilhões/ano e emprega 10% da população brasileira”, explicou o palestrante.
Segundo o IBGE, a expectativa de vida geral é de 73,5 anos. Já por gênero feminino é de 77,32 anos e masculino 69,73 anos. Dr. André explica que o crescimento dessa expectativa para a população mais que dobrou: em 1910 (33,4 anos) e 2005 (71 anos). O envelhecimento populacional se deve a três fatores: a redução das taxas de mortalidade infantil, fecundidade e o aumento da expectativa de vida. Além disso, passamos por transição demográfica, epidemiológica, nutricional e tecnológica.
Segundo André, alguns dos problemas do SUS estão calcados na desigualdade no acesso aos serviços e ao sistema de saúde; na gestão de ordem administrativa e de recursos humanos; na problemática do financiamento e em fatores externos (violência e acidentes). De acordo com os dados do IPEA (2010), os problemas mais frequentes são a falta de médicos, a demora no atendimento e a demora para agendamento de consulta. “As melhorias mais sugeridas pelos entrevistados foram: aumento do número de médicos e redução do tempo de espera”, apontou o médico.
Diante de todos os dados apresentados, Dr. André solicitou a atuação das escolas junto à comunidade e incentivou as pastorais de saúde a trabalharem com ênfase esse tema tão relevante e de extrema importância para sociedade. “Precisamos agir, atuar em comunidade e cobrar dos governantes ações em prol do SUS”, declarou.
Na ocasião, foram realizadas 11 oficinas educativas voltadas a todas as modalidades de ensino e temáticas, com o intuito de refletir e apresentar atividades que poderão ser vivenciadas na sala de aula com os estudantes, estendendo-as também para a comunidade.